Fleur

Infinitamente, a imagem dança diante de seus olhos

Cantando seus cânticos fúnebres sob nada além da escuridão
A única escuridão que apenas seus olhos conseguem enxergar
Nada mais lhe resta até que a encontrem quando algum dia finito chegar
Nua mas seus pecados tecem uma roupa elegante, talvez não
O mundo inteiro, congelado no tempo e no espaço
Tão solitário quanto aquela pessoa e seu abraço

E mesmo que ela encare a si mesma mil vezes
Restou pouca coisa que faça sentido por dentro
Aquelas poucas coisas que sempre fazem e jazem
Sem pudor, espalhadas por toda a parte, então partem
Entrando na alma dela, como o estupro do silêncio

Toda a vida dela se resume àquele lugar, àquela posição
Honestamente, tudo parece até um sonho tão real
Impossível de se atingir, só mais um sonho febril
Sem nada além das sombras para testemunhar sua beleza

Dando voltas e voltas, ela sussurra para si mesma
"A beleza que possuo, ninguém... jamais?"
Rodando a fita da apatia contra apenas aquela pessoa
Kafka já disse: "Há esperanças, só não para nós"
Não negaria, ela não se atreveria a fazer tal
Então ela se deita e sussurra mais uma vez
"Só não há para nós, mas quem somos?"
Sem entender, ela apenas cai no armadilha de Hypnos

Introspectiva é a palavra que não lhe escapa
Nunca seria capaz de ser qualquer outra coisa

Mas quando ela acorda, o sonho se mostra mais uma vez
E real lhe faz, mais uma vez, sozinha e Thanatos

Phantasy

Saturado aos meus olhos

Empoeirado sobre uma cadeira

Mofado como pão da Santa Ceia

Pecado que eu não nego

Represado igual a mágoa

Esse mesmo sonho sobre você

fulSin

No matter how thick the layer of Ice may be

Or how deep the lovely and kindness façade

The Flames of Hatred will always burn beneath

As I realize that the Oceans are Lava-made

So I wonder if anyone that looked within, would they see?

With macabre gait, dancing on the background of my gaze

Silent and sinister, my Beauty which shall wilt

Forever lost, forever fallen from the everlasting Grace

NumberSevenTeen

I'm so stupid, but I can't lie to you, baby
Run away, just run away and lie with me, baby

Eu nunca gostei de você, pra falar a verdade, sabia? Eu sempre te achei tão estúpido, tão imaturo, parecia uma criança mimada. Você ria sempre de todas as minhas piadas, até mesmo das sem graça. Eu sempre detestei isso em você.

No começo, eu queria só ver até onde você chegaria. Até onde isso aqui chegaria. Quem sabe, você poderia se mostrar ser um verdadeiro filho-da-puta no final, ou apenas mais um babaca que eu precisava esmagar feito um inseto. Quem sabe?

Você se lembra do dia que nos encontramos pela primeira vez? Foi um dia bem chato, e honestamente você estava horrível. Seu cabelo era castanho demais, seus olhos, escuros demais, sua pele, branca demais. Tudo era demais em você.

E eu, o que era pra você? Você por acaso sempre soube que você sentia o que você sente por mim? Você sabia o que você queria, você sempre soube, eu admito. E eu confesso que eu deixei você se aproximar de mim porque...

...bem, porque você chamou minha atenção de algum jeito. Eu não lembro bem, parece que foi o seu olhar. Tinha alguma coisa dentro dos seus olhos que me dizia que você não prestava. Não importa como você sorrisse, eu via isso.

Tempos mais tarde ficamos sabendo que o nosso encontro tinha sido inevitável. Teria acontecido de um jeito ou de outro. Foi necessário pra você crescer. Mas e pra mim? Você se importa com o que isso representou pra mim? Se importa?

Eu não vou mentir, o sexo era incrível. Você me arruinou pras outras pessoas, sabia? Depois de ter tido você, ninguém fazia direito. Ninguém, ninguém. Homens ou mulheres, não importa. Você é excepcional, eu reconheço.

Em se tratando de sentimentos, você foi único também. Estar com você era... coisa de outro mundo, sabe? Eu não conseguia explicar com toda a minha lógica o que eu sentia. Eu nunca fui bom com emoções, mas eu sinto falta daquilo.

Mas sabe, eu também sou um ser humano, sabia? Eu tenho sentimentos, expectativas, sonhos e um coração. Mas você se importou? Você vinha, a gente explodia noite afora, e dormíamos, mas eu sempre acordei sozinho. Sempre.

Até hoje é assim. Eu não vou negar que eu não desejo mais outra pessoa além de você ao meu lado, mas isso não é meu, sabe? Não sou eu que quero, mas eu sou forçado a te querer, porque você é demais. Você sempre foi, meu amor.

Mas ao invés de me deixar em paz, você sempre volta. Sempre. Seja na calada da noite, quando você aparece no meu quarto do nada e se esgueira pra debaixo do meu lençol e se aconchega comigo. Ou seja na-

Olha pra mim quando eu estiver falando com você! Não foi você quem disse que adorava, não, amava os meus olhos? Será que é tão difícil assim pra você reconhecer que me ama? Ah, você sabe que você me ama? Então se decida!

Eu não espero mais nada de porcaria nenhuma na minha vida, por sua causa. Você acabou comigo. Você pegou a minha vida, transformou ela num inferno e simplesmente foi embora. Mas você volta, não volta? Sempre, sempre.

Pensando bem, você não me ama. Você ama o eu que existe na sua mente. A imagem que você tem de mim dentro da sua cabeça. É isso que você ama, não eu. E se eu pensar bem mesmo a respeito, é você sim quem amo.

Tenta me calar com um beijo, que sempre funciona comigo. Claro que vai funcionar! Qualquer pessoa que for beijada por você não conseguiria resistir. Mas não tente calar a minha voz. Calar os meus sentimentos. Não tente!

Já vai embora? Mas tudo bem, você volta. Quando você precisar de mim, você volta. E eu vou estar aqui, sabe por quê? Não vai ser por você que eu vou estar aqui, é por mim. Pelo meu desejo de estar com você. Pelo meu amor.

Vai, vai. Mas vê se não volta mais, viu, meu amor? Porque se você voltar eu não vou ser mais quem eu sou. Eu vou ser isso que você escreve, esse personagem da sua história, esse eu lírico do poema. Viu? Tá me ouvindo?!
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