Fleur

Infinitamente, a imagem dança diante de seus olhos

Cantando seus cânticos fúnebres sob nada além da escuridão
A única escuridão que apenas seus olhos conseguem enxergar
Nada mais lhe resta até que a encontrem quando algum dia finito chegar
Nua mas seus pecados tecem uma roupa elegante, talvez não
O mundo inteiro, congelado no tempo e no espaço
Tão solitário quanto aquela pessoa e seu abraço

E mesmo que ela encare a si mesma mil vezes
Restou pouca coisa que faça sentido por dentro
Aquelas poucas coisas que sempre fazem e jazem
Sem pudor, espalhadas por toda a parte, então partem
Entrando na alma dela, como o estupro do silêncio

Toda a vida dela se resume àquele lugar, àquela posição
Honestamente, tudo parece até um sonho tão real
Impossível de se atingir, só mais um sonho febril
Sem nada além das sombras para testemunhar sua beleza

Dando voltas e voltas, ela sussurra para si mesma
"A beleza que possuo, ninguém... jamais?"
Rodando a fita da apatia contra apenas aquela pessoa
Kafka já disse: "Há esperanças, só não para nós"
Não negaria, ela não se atreveria a fazer tal
Então ela se deita e sussurra mais uma vez
"Só não há para nós, mas quem somos?"
Sem entender, ela apenas cai no armadilha de Hypnos

Introspectiva é a palavra que não lhe escapa
Nunca seria capaz de ser qualquer outra coisa

Mas quando ela acorda, o sonho se mostra mais uma vez
E real lhe faz, mais uma vez, sozinha e Thanatos

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