PELUZAZ
Minha mão esquerda transborda
Se afoga, se revolta
Mas minha mão direita nada sente
Apenas se arrepende
O meu olho esquerdo despreza
Se cega, se envenena
Mas meu olho direito não entende
E vive só sorridente
Minha perna esquerda esperneia
Em segredo, sob a lua cheia
Mas minha perna direita não é quente
E vive sonhando embriagadamente
Eu tenho um só coração que pulsa e dança
E dorme seguro dentro do meu lado esquerdo
Minha esquerda é quem mais ama e odeia
E quem deseja e não é feliz é o meu lado direito
Eu sou ambos, mas, dos dois, não sou algum
Eu estou em todos os lugares, mas em lugar nenhum
O preto me renega, e o branco não me aceita
Sou o todo vazio, não estou na esquerda nem na direita
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