"Suicídio e Outros Confortos"


Eu caminho, sozinho, num lugar para os mortos recoberto por melancolia. E aqui, eu me tornei tão apaixonado pelo que é assustador que eu posso jurar que é o céu.

Ó, doce Maria, vestida em luto, recuperai a pedra.

Com estas palavras escritas em uma mão decepada, lágrimas caem como cacos de vidro que se aglomeram em rios, como pecadores varridos comigo para se juntar aos condenados.

...Então adeus ao trovão distante, àquelas estrelas ineptas que eu adorei tanto; cai o pai, o Pai de todos - jaz à espera nas chamas inferiores - enquanto o meu amor, uma flor vermelha como o sangue, chama por mim de abrigos verdejantes.

Ao lado do túmulo, eu choro. "Por favor, me salve desse inferno que eu conheço!"

Um céu obscurescido, no dia em que aqueles risos morreram, caiu habilmente em noite e permaneceu eternamente em seu olhar. Encarando a faca... Ó, Maria, o quão fácil seria agora sacrificar a minha vida só para tê-lo comigo.

E eu - por mais que eu tenha tentado enterrá-lo da minha mente, o sofrimento do Destino fora atado, quando ele morreu - ainda sinto a sua presença tão divina: ágeis braços à minha garganta, como cisnes entrelaçados que pressionam, o som de passos ao cair da noite junto aos meus.

Eu capturo os seus sussurros como o vento pelos cedros, vejo o seu rosto em cada traço natural, através da névoa e das sonolentas depressões da febre... com a alegria me enganando.

Eu ouço a sua voz vinda de onde o túmulo o desafia; canção hipnótica para se cantar junto. Notas de suicídio não mais decentes, harmonizadas num menor, atiram um acorde com miséria.

Nenhuma luz ou recife, nem mesmo o mais inaufragável do romance me mantém à salvo dos mares tempestuosos. Agora afogando, ressoando, seifadores pisoteam os meus sonhos, inimagináveis demais para me dragar por este apático e solitário frio de inverno.

O céu já se obscuresce. Este dia morre por aqui, cai habilmente em noite e permanece para sempre no meu olhar. Não mais uma vítima de uma cruzada, onde as almas são amarradas em uma paliçada moral, eu corto meus pulsos e rapidamente escorrego para longe...

Eu viajo agora por areias cintilantes sob uma lua para terras de verão, para gracejar seus lábios com o ardor que uma vez já possuíram minhas veias.

Ó, Maria, como foi fácil sacrificar a minha vida para tê-lo comigo.

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