"A smile can be like the sun: at a distance, it is nice and warm. Should you stand too close to it, however, you might get burned."
Ele não pára de me beijar, pressiona seu corpo contra o meu e quando me olha nos olhos, posso ver claramente que espera algo de mim. É quase como num ciclo: ele me olha nos olhos, depois lambe meu pescoço e finalmente me beija, para se afastar depois de algum tempo e me olhar nos olhos de novo. E enquanto ele faz tudo isso, eu apenas observo seus movimentos calmamente. Suspira repentinamente e me encara com uma feição de quem provou e não gostou.
"Você podia parar de fazer isso?", a voz dele estava imersa em seu desgosto.
Como eu não respondo nada, apenas olho para ele, ele suspira de irritação e vira o rosto, cruzando os braços. Posso ver que isso de certa forma o tem irritado profundamente.
"...Pensei ter ouvido você dizer que me qu-"
"Eu sei o que eu disse!", ele me interrompe, voz alterada e de quem está magoado.
Eu estreito meus olhos para focalizar a visão. Ele se recusa a me encarar, como se quisesse que eu fosse embora, mas como poderia fazer isso com as coxas dele me prendendo entre si?
"...Você vai se decidir? Eu não tenho a noite toda," Ele me olha agora, e vejo raiva embutida em seu olhar. Só então eu continuo, "meu amor.", e mostro um dos meus sorrisos mais lindos.
Ao ouvir as últimas duas palavras, e ao ver o meu sorriso, seu semblante se modifica completamente. Seus olhos e feições se tornam mais suaves e um sorriso quase infantil toma conta de seus lábios, e então me surpreendo com a facilidade incrível que tenho de conquistá-lo. Ele me abraça forte e volta a me encarar.
"Seu sorriso é tão lindo! Me apaixonei assim que vi!"
"Mesmo?", continuo a exibir o mesmo sorriso, "Eu nunca fui de sorrir muito. Só faço isso para pessoas que são especiais para mim..."
"Você é tão perfeito! Eu te quero tanto!", e me abraça de novo, recomeçando o ciclo logo em seguida. Eu não consigo evitar de suspirar alto dessa vez, e viro o pescoço de lado só para facilitar o acesso dele a mim.
O ambiente ao nosso redor não poderia ser o mais propício para o que planejava. Mesas redondas com assentos acolchoados e péssima iluminação. Ele não é o primeiro que trago aqui, e com certeza não será o último. Estávamos num dos cantos, no fundo daquele pequeno café, e, embora existissem outras pessoas naquele lugar, nenhuma dava a mínima para o que fazíamos ali. Em verdade, eu poderia estuprá-lo e nenhuma alma moveria sequer um dedo para ajudar. Me pergunto o que passou pela cabeça dele ao aceitar a minha sugestão. Mas então, de novo, ele não é e nem será o último que trago aqui.
"Eu poderia te estripar neste instante, sabia?"
Ele levanta a cabeça e me olha, confuso, "Você disse alguma coisa?"
Eu olho nos fundos dos olhos dele e mostro meu sorriso gentil, "Você é a coisa mais linda deste mundo, sabia?"
As minhas palavras fazem ele corar que nem uma garotinha do colegial, e ele tenta esconder isso, o que apenas agrava sua situação. Em seguida, ele solta um pequeno gritinho e me abraça forte. Eu apenas observo a cena. 'Controle-se...', tento me convencer em pensamento.
"Você é tão gentil! Obrigado! Mas...", ele me olha de relance, e perde sua aura infantil, olhar estreito e alarga a boca. Em seguida, massagea minha virilha com a mão. Uma pobre tentativa de me seduzir, talvez? "...eu também posso ser safado se eu quiser."
Numa tentativa de conter meu riso, fecho os olhos e sorrio, e, pela sua reação, posso ver que meu sorriso forçado surtiu algum efeito inesperado sobre o jovem, e isso faz com que ele aperte o que tem em mãos.
"...Se está tão confiante, vá em frente.", eu confirmo.
Como que por mágica, o zíper da minha calça estava desfeito, e ele, de joelhos no chão. Uma parte de mim apreciava muito aquela visão de submissão. Eu poderia pedir que ele tirasse a roupa, e ele o faria. Garotos como ele fariam qualquer coisa por mim... O pensamento de fazê-lo passar por todos os tipos de humilhações me excitou muito mais do que o serviço que me prestava.
Enquanto observava-o pacientemente, uma outra parte de mim vomitava meus órgãos internos. E a verdade era que, eu estava cedendo aos pedidos do meu coração... 'Controle-se... Mantenha a calma...', eu tentava me acalmar, respirando fundo.
Passados alguns minutos, o rapaz tinha acabado o serviço, e voltava agora do banheiro. Ao me ver de pé e pronto para sair, rapidamente se colocou no meu caminho, me encarando com seu olhar confuso.
"O que aconteceu? Onde você vai?"
Hesitei um longo instante antes de responder. Procurando me manter calmo, sorri gentilmente, "Preciso ir embora, meu coração."
O jovem me empurra contra o canto da parede, abraçando minha cintura com toda a força e afundando a cabeça no meu peito.
"Não, não vá embra! Eu quero ficar com você para sempre! Você não entende?", ele me olhou fundo nos olhos, e eu pude ver meu reflexo distorcido pela leve camada de lágrimas que se formava nos dele. Uma visão e tanto, tenho que admitir. "Eu te amo!"
Ele esfrega a testa contra meu coração, como se quisesse entrar nele à força. Eu juro que uma parte de mim desejava fazer aquele jovem feliz, a mesma parte que adimirara a visão de vê-lo submisso à mim. No entanto, eu não podia mais conter meu coração de falar mais alto. Então, afastei-o de mim lentamente, alisei seu rosto e o ergui para observá-lo e mostrei para ele o sorriso mais gentil que eu poderia dar para alguém. Olhando fundo em seus olhos, eu vejo uma espécie de luz brilhar intensamente. Aproximo minha boca da dele muito lentamente, a ponto de sentir a sua respiração.
"Meu amor, você não serve mais para mim. Isso aconteceu desde o momento em que você perdeu a sua utilidade, a alguns minutos atrás. Além do que,", com um movimento rápido, enfio um longa adaga em seu abdômen, "não poderíamos ficar juntos para sempre porque você logo estará morto."
Enquanto observo as luzes dentro dos olhos deles se partirem em pedaços, contorço a adaga fincada nele e depois a retiro de forma indolor e rápida. O sangue escorre do ferimento aberto, e o rapaz se agarra em mim, com o olhar e o coração despedaçados, enquanto eu apenas continuo a exibir meu sorriso mais gentil. Perdendo as forças, ele começa a cair, esfregando sua carcaça em mim e sujando o meu sobre-tudo. Enfim, tomba sobre o sofá sem vida.
Eu limpo a minha faca calmamente e a guardo em seu local seguro. Dou uma última olhada para o rapaz estendido sobre o sofá e sigo o meu caminho para fora daquele café tão sombrio, satisfeito de ter conseguido passar por mais uma noite...
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